Nós estamos aqui porque nossos pais nos cuidaram. Eles não tiveram nenhuma visão econômica sobre nós. Nunca perguntaram se valeria a pena investir naquele bebê, qual o retorno que ele daria. Nos cuidaram com todo o incondicional amor.
Quando a economia virou ciência retirou o olhar humano dos negócios e as pessoas deixaram de ter valor, de serem cuidadas. Parece-me que no mundo das empresas as pessoas deixaram de ser humanas e cuidá-las, nutrí-las e orientá-las não foram fatores que pudessem influenciar nos resultados.
Nós pais do mundo econômico cuidamos para que nossos filhos tenham escola, comida, transporte, roupas e conforto. Cuidamos para que tenham tudo, de preferência do bom e do melhor. Nos preocupamos que sejam honestos, mas que consigam ganhar dinheiro, passar no vestibular e ter uma profissão decente. Nesse contexto econômico quando dizemos "eu sou uma boa mãe" pode ser uma visão separatista. Mães aqui, filhos lá. Que complicado. É como se ao dizer isso eu já estivesse cobrando do filho que seja bom ou me culpando e vitimando caso isso não aconteça a partir da minha expectativa. Acredito que a nossa generosidade materna está em olhar o filho como ele é, independente das suas escolhas, e não como ele pensa que é a partir de nós, das nossas exigências e sonhos. Quando a gente diz para o filho: "Eu estou sendo paciente contigo", isso pode ser grave, pois nesse momento a paciência já se foi. Praticar a verdadeira paciência é entender o filho no mundo dele, sem machucá-lo, permitindo que ele se expresse e se construa. Não é deixar prá lá, não colocar limites. Ao contrário é colocar-se no lugar dele, empaticamente, aceitando-o, cuidando para que a sua essência brote e se fortifique. Para que isso seja permitido é preciso entender, também, que a felicidade é algo instável, vem e vai. Nosso olhar generoso sobre o filho precisa se despoluir da raiva, do ciúme, da irritação gerada pela nossa frustração. Na busca da felicidade permanente a gente pode ficar muito braba porque não consegue ser sempre feliz e ,consequentemente, proporconar felicidade permanente para o filho.
Tenho observado, no meu trabalho como coach, a incrível influência que nós mães temos no desenvolvimento da maturidade dos nossos filhos. Atualmente, os homens precisam receber ordens de mulheres nas empresas ou liderá-las, não importa, mas a ingerência materna sobre as atitudes e modos de se relacionar desses chefes ou subordinados é impressionante. Aqueles que respeitam as mulheres, qualificando-as, vendo-as como verdadeiras parceiras são homens que, em princípio, foram filhos não infantilizados, respeitados e que referem-se as suas mães como pessoas que os auxiliaram a desenvolver o seu lado afetivo, cooperativo. Esses líderes conseguem aceitar a chefia feminina com muito respeito e, por outro lado, são chefes conectados com o femino de forma saudável e qualificada. Nós estamos auxiliando na formação de filhos que se tornarão profissionais e o afeto será fundamental na nossa sociedade que precisará saber cuidar e se expressar. Nós mães, mais uma vez, precisamos dessa reflexão: que mundo nós iremos reproduzir?