27.8.10

ESTEIRA 3

                       Se eu não tivesse inventado esse negócio de correr na esteira sem pensar em nada, apenas observando o mundo ao redor, eu não teria visto a mulher roubando flores e depredando o jardim da casa da frente.Também não teria me surpreendido com aquela Mercedes novinha em folha saindo da casa ao lado, que me parecia abandonada. Acabei refletindo sobre o abuso do ser humano perante a natureza e o quanto as aparências valem ouro.O exercício da PRESENÇA NO MUNDO. Por isso é que dizem que a ignorância é amiga da felicidade. Melhor não ver, não saber. Melhor imaginar o futuro, lembrar o passado, do que viver no presente. Mas é no presente que a vida vai vivendo.  Humm...

ESTEIRA 2

               A casa da frente está mal cuidada. As paredes descascadas, o limo cobrindo as janelas. Uma imagem ruim da nossa rua. Olhando-a de cima, da esteira, exercito a PRESENÇA e vejo que o telhado está podre. Nesse instante, abre-se a porta da garage. Curiosa, fico esperando para ver o vizinho. Uma Mercedes tinindo aparece. Oo senhor bem vestido desce do carro para fechar o portão empenado.Penso: o brasileiro não cuida do seu patrimônio; aparência é tudo nessa vida. A casa caindo aos pedaços, mas o carro...

ESTEIRA 1

                Corria na esteira exercitando a PRESENÇA, quer dizer, vivendo o momento, sem pensar no ontem ou no amanhã. Concentrei-me em três flores lindas na calçada do vizinho, eram copos de leite. Olhava-os, fixamente, quando uma mulher que passeava com seu cachorro arrancou a primeira, a segunda e deixou a terceira intacta. Gritei: "Cara de pau!"  Ela mirou para o alto, não identificando de onde vinha aquela voz. Segui correndo, vendo duas flores. O ser humano se acha o tal. Leva o que pode, mas a natureza já está dando o troco. Gritei: "Vai comprar"! Ela olhou para o alto.
Seria a voz de Deus?

19.8.10

PESQUISA DE CLIMA :QUAL A RESPOSTA CERTA?

Coisas de empresa:
Me contaram mais uma. A empresa fez a tal de pesquisa de clima. No ítem "relacionamento com o chefe" houve quem deixou a desejar. Alguns líderes, cuja avaliação não foi boa, ficaram indignados e foram pedir explicação da equipe. A idéia sempre é saber "quem" não está satisfeito. É evidente que ninguém se manifestou, diante da pressão. Bem, a área de RH argumentou que a empresa (?) não estava preparada para responder uma pesquisa dessa natureza. Mas e porque fizeram então? Acontece que muitas empresas trabalham por coleção: o que está na moda no momento. Pesquisar o clima é pré-requisito para a obtenção de alguns prêmios e certificações. Sendo assim, preocupam-se mais com o clima do que com o meio ambiente organizacional. Quando se olha para o ambiente,os indicadores são obtidos através do diálogo, conversas curtas do líder com seus funcionários/colaboradores/associados ou como queiram chamar. Nesse caso mede-se o impacto do líder sobre a equipe, mede-se a sustentabilidade da equipe,suas fragilidades e forças, sua relação com o ambiente, os prazos vencidos do estilo de gestão. Bem, isso evite, no mínimo,que o pessoal acabe marcando a "resposta certa", prá não se incomodar. E tudo vira em pizza!

17.8.10

Regresso inevitável

Dia dos Pais/2008, aos 90 anos, com direito a espumante
Passei por um mau bocado essa semana:"Retirar" o meu pai de sua casa para colocá-lo no "residencial", um nome brando para os antigos asilos. Com muita dificuldade para se achar, aos 92 anos, tive a certeza de vê-lo como um bebê. Apoiado com a mão no meu ombro emquanto eu vestia as suas calças, parado quietinho enquanto eu abotoava a sua camisa, penteava o seu cabelo e, pela mão,convencia-o a deixar a sua casa junto com os meus irmãos. "Não quero ir", "não preciso" essas foram algumas dass frases que eu também escutei há 27 anos atrás quando deixei a minha filha na "escolinha", termo brando para as antigas creches.Tudo é envolto em brandura quando se trata de algo que envolve desapego. Mesmo sabendo que o local é melhor, que todas as enfermeiras no residencial  ou professoras na escolinha têm um carinho enorme para atender, que estudaram para isso, não é possível acreditar que em casa, eles (minha filha pequena e agora o meu velho pai) não estariam melhor. Passar uma tarde na frente da TV, enquanto eu trabalhava, não seria a melhor opção. A culpa nos leva a acreditar que eles estão muito melhor conosco, o que muitas vezes é verdade e, em outras, não.
Nascemos eb morremos dependendo do cuidado e do carinho do outro. Por que não fizemos isso durante a vida toda, então? Uns para os outros, constantemente."
Fica aqui a reflexão.